domingo, 1 de dezembro de 2019

AS AÇÕES POLICIAIS EM PARAISÓPOLIS É O RETRATO DE UMA TROPA DESPREPARADA, UMA SEGURANÇA DESQUALIFICADA, A QUAL, CINGE EM PROTEGER AS ELITES E MASSACRAR OS MISERÁVEIS EM SEUS GUETOS FORMADOS PELA MÁ DISTRIBUIÇÃO DE RENDA DO PAÍS.


 O episódio na madrugada deste domingo (01/12/19) terminou com ao menos nove mortos e sete feridos por pisoteamento. A ação aconteceu na rua Ernest Renan, onde acontece o maior pancadão da cidade, conhecido “BAILE DA 17”, que aglomerava mais de 5.000 pessoas.
Vídeos gravados pelos moradores dos altos das casas mostram a chegada dos policiais atirando munição não letal. Outras imagens mostram que as pessoas foram perseguidas nas vielas, onde apanhavam com cassetete.

MAPA DA COMUNIDADE DE PARAISÓPOLIS DENTRO
DA CIDADE DE SÃO PAULO - CERCADA PELAS ELITES


O tumulto durante o baile funk aconteceu em evento com mais de 5 mil pessoas. Imagens e relatos indicam que a multidão acabou encurralada pela polícia em vielas estreitas—alguns tropeçaram e acabaram mortos. Jovens afirmaram que a ação foi uma "emboscada".
Durante a manifestação, os moradores cantaram um trecho de um funk clássico. "Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci", entoaram.

A POLÍCIA MILITAR afirma que o tumulto que acabou com nove mortos em PARAISÓPOLIS começou porque bandidos em fuga atiraram e se infiltraram no baile funk e que ainda não é possível saber se os policiais agiram corretamente.

De acordo com o “Porta Voz” da PM, o Tenente-Coronel EMERSON MASSERA, o episódio aconteceu por volta das 5:00 horas, quando uma moto suspeita passou atirando nos policiais. A perseguição se deu por 400 metros e depois os suspeitos entraram no meio do baile ainda disparando, disse MASSERA.

O oficial afirmou que a ação foi diferente das demais que vêm ocorrendo em pancadões, e, que o consenso é que a atuação deve ser preventiva, isto é, os policiais devem buscar ocupar o lugar do baile funk antes da aglomeração.

PARAISÓPOLIS - CERCA DE 100.000 HABITANTES.


Como em quase toda favela brasileira, além das moradias precárias, da falta de saneamento básico, da concentração de vulnerabilidades e da ausência do ESTADO de maneira geral, há uma carência de equipamentos de cultura e de lazer.

A EXCLUDENTE DE ILICITUDE.

Junte esses elementos à tradição brasileira de ABUSO POLICIAL nas abordagens a pessoas negras, aos crimes cometidos por policiais em ações realizadas nas favelas e bairros pobres e à escalada de discursos políticos de exaltação de medidas policiais extremas e chega-se à tragédia deste domingo em PARAISÓPOLIS.

Que isso sirva de alerta para que não seja aprovado o PROJETO DE LEI que institui a figura da “EXCLUDENTE DE ILICITUDE”, oriundo do GOVERNO FEDERAL, como parte de um projeto do MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, o qual, se aprovado simplesmente será dado “LICENÇA PARA MATAR”, por parte de uma POLICIA totalmente despreparada, principalmente, quando esta lidando com os miseráveis.

O referido projeto isentará de punição POLICIAIS e MILITARES que cometerem excessos em operações de “GARANTIA DA LEI E DA ORDEM (GLO)”, como se precisamos disso, para uma corporação que não atende a protocolos de ações, e, sempre parte com tudo para cima menos abastados, sem o mínimo de logística e planejamento.

O ESTADO AUSENTE NAS COMUNIDADES.

Essas operações são quase sempre em favelas, onde a ausência de ESTADO em outras áreas essenciais à vida se expressa no excesso de presença policial e militar em ações pontuais, nunca permanentes. PARAISÓPOLIS, onde o ESTADO também não marca presença nem na coleta de esgoto, inaugurou sua primeira praça pública no sábado (30). Ironicamente, ela é fruto de uma parceria entre INICIATIVA PRIVADA e UNIÃO DE MORADORES, sem prefeitura nem GOVERNO DO ESTADO.


                    PARAISÓPOLIS - A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA.

O registro de cenas de violência policial lembra outro episódio em que esse tipo de revelação chocou o país: os crimes policiais flagrados em 1997 na FAVELA NAVAL, em DIADEMA, na GRANDE SÃO PAULO. As imagens estão na internet e permitem aos brasileiros que não são negros nem pobres nem moradores de favela o testemunho de uma violência cotidiana para estes grupos. E podemos constatar também que avançamos pouco nos 22 anos que separam os dois registros.

WILSON COSTA E SILVA
ADVOGADO – EDUCADOR – LIVRE PENSADOR


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