Vídeos gravados pelos moradores dos altos das
casas mostram a chegada dos policiais atirando munição não letal. Outras
imagens mostram que as pessoas foram perseguidas nas vielas, onde apanhavam com
cassetete.
MAPA DA COMUNIDADE DE PARAISÓPOLIS DENTRO
DA CIDADE DE SÃO PAULO - CERCADA PELAS ELITES
O tumulto durante o baile funk aconteceu em
evento com mais de 5 mil pessoas. Imagens e relatos indicam que a multidão
acabou encurralada pela polícia em vielas estreitas—alguns tropeçaram e
acabaram mortos. Jovens afirmaram que a ação foi uma "emboscada".
Durante a manifestação, os moradores cantaram
um trecho de um funk clássico. "Eu só quero é ser feliz, andar
tranquilamente na favela onde eu nasci", entoaram.
A POLÍCIA MILITAR afirma que o tumulto que
acabou com nove mortos em PARAISÓPOLIS começou porque bandidos em fuga atiraram
e se infiltraram no baile funk e que ainda não é possível saber se os policiais
agiram corretamente.
De acordo com o “Porta Voz” da PM, o Tenente-Coronel
EMERSON MASSERA, o episódio aconteceu por volta das 5:00 horas, quando
uma moto suspeita passou atirando nos policiais. A perseguição se deu por 400
metros e depois os suspeitos entraram no meio do baile ainda disparando, disse MASSERA.
O oficial afirmou que a ação foi diferente das
demais que vêm ocorrendo em pancadões, e, que o consenso é que a atuação deve
ser preventiva, isto é, os policiais devem buscar ocupar o lugar do baile funk
antes da aglomeração.
PARAISÓPOLIS - CERCA DE 100.000 HABITANTES.
Como em quase toda favela brasileira, além das
moradias precárias, da falta de saneamento básico, da concentração de
vulnerabilidades e da ausência do ESTADO de maneira geral, há uma carência de
equipamentos de cultura e de lazer.
A EXCLUDENTE DE ILICITUDE.
Junte esses elementos à tradição brasileira de ABUSO
POLICIAL nas abordagens a pessoas negras, aos crimes cometidos por policiais em
ações realizadas nas favelas e bairros pobres e à escalada de discursos
políticos de exaltação de medidas policiais extremas e chega-se à tragédia
deste domingo em PARAISÓPOLIS.
Que isso sirva de alerta para que não seja
aprovado o PROJETO DE LEI que institui a figura da “EXCLUDENTE DE ILICITUDE”, oriundo
do GOVERNO FEDERAL, como parte de um projeto do MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, o qual, se aprovado simplesmente será dado “LICENÇA PARA MATAR”, por parte de uma POLICIA totalmente despreparada, principalmente,
quando esta lidando com os miseráveis.
O referido projeto isentará de punição POLICIAIS
e MILITARES que cometerem excessos em operações de “GARANTIA DA LEI E DA ORDEM
(GLO)”, como se precisamos disso, para uma corporação que não atende a
protocolos de ações, e, sempre parte com tudo para cima menos abastados, sem o
mínimo de logística e planejamento.
O ESTADO AUSENTE NAS COMUNIDADES.
Essas operações são quase sempre em favelas,
onde a ausência de ESTADO em outras áreas essenciais à vida se expressa no
excesso de presença policial e militar em ações pontuais, nunca permanentes. PARAISÓPOLIS,
onde o ESTADO também não marca presença nem na coleta de esgoto, inaugurou sua
primeira praça pública no sábado (30). Ironicamente, ela é fruto de uma
parceria entre INICIATIVA PRIVADA e UNIÃO DE MORADORES, sem prefeitura nem GOVERNO
DO ESTADO.
O registro de cenas de violência policial
lembra outro episódio em que esse tipo de revelação chocou o país: os crimes
policiais flagrados em 1997 na FAVELA NAVAL, em DIADEMA, na GRANDE
SÃO PAULO. As imagens estão na internet e permitem aos brasileiros que não são
negros nem pobres nem moradores de favela o testemunho de uma violência cotidiana
para estes grupos. E podemos constatar também que avançamos pouco nos 22 anos
que separam os dois registros.
WILSON COSTA E SILVA
ADVOGADO – EDUCADOR – LIVRE PENSADOR
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