“Somos todos visitantes deste tempo, deste lugar. Estamos
só de passagem. O nosso objetivo é observar, crescer, amar… E depois vamos para
casa.”
-Provérbio aborígene-
A cada momento, passados tantos anos de existência,
percebemos que no fim do túnel não há luz, existe apenas uma passagem para o inexplicável
da existência humana, como dizia um amigo que já se foi: “o momento de abrir a cortina da espiritualidade e se converter em
outro ser, no qual, não sabemos como definir, e, enquanto aqui estamos as
religiões tentam dar-nos modelos com o seu pavor ao dizer o que nos espera.”
Durante o tempo em que vivemos, tocamos
inúmeras vidas de uma forma singular. E tudo, absolutamente tudo o que fazemos
ou falamos, afeta direta ou indiretamente outras pessoas. Deixamos marcas que
não somem nem com o tempo e esse é, com certeza, o maior legado da existência
de cada indivíduo.
Durante toda nossa vida sempre nos sentimos
como um “PEREGRINO”, e, ou, um “FORASTEIRO” da existência, já que
não nos pertencemos, pois, fomos trazidos por alguém, e, a todo o momento de crescimento
estivemos à disposição das convenções sociais, e, das imposições legais, isso num
mundo que se diz bem ordenado, mas, que permanece totalmente desorganizado e
injusto com os seus próprios semelhantes.
Sempre nos sentimos deslocados dentre isso
tudo, e, sempre estivemos em confronto e luta para alterar esse “status quo” de
desorganização e desigualdade, e, ao longo da vida fomos mais punidos por boas
ações do que realmente compensados pelas nossas atitudes donde procurávamos dar
o nosso melhor.
Claro, admitimos: erramos, magoamos pessoas,
isso fez parte do processo de amadurecimento, o qual, por ser penoso, há de se
reconhecer e pedir escusas àqueles que ao longo de nossa existência não podemos
corresponder, com quem falhamos ou erramos.
Todos os dias nos penitenciando acerca de
nossas atitudes erradas, ou, àquelas que achávamos acertadas, e, cujos
resultados imprevistos acabaram por ferir ou magoar alguém. Enfim, estamos
todos os dias num processo evolutivo procurando melhorar e tornar o nosso mundo
um lugar “adequado” para não dizer melhor de se viver, não obstante fracassos
nesse empenho.
Ah, ao longo da vida, claro, AMAMOS, e,
reaprendemos a AMAR, todos os dias, embora a correspondência dos
sentimentos nunca fosse, ou, melhor dizendo, não foram na mesma proporção de
nossos anseios. Os sentimentos sempre nos escravizaram e roubaram grande parte
da nossa chamada “SENSATEZ” para o mundo real, esse, às vezes por ser frio e
muito duro de nele coabitar, optamos por refugiar em nossas compaixões. POR ISSO SOFREMOS
MUITO.
Na verdade, na maior parte da nossa existência,
achamos que deixamos mais as lagrimas correr pela face, sempre para burlar a
sensação de ter chegado solo, viver solo, e, também, partir solo, pois, esse é
o destino do ser humano, não obstante todos os dias querer e agir em sentido
contrário a isso. Um momento da solidão pessoal, na qual, como um cão ferido e
abandonado fica lambendo suas próprias feridas das magoas existenciais.
Embora viver devesse ser o exercício de
desprendimento, na verdade se transforma na aventura ao deixar que o tempo leve
o que é dele, e que realmente ficasse só o necessário para continuarmos as
novas descobertas. Mas, sabemos que nem sempre é assim, e, ficamos replicando
ou repetindo eventos que nem sempre são agradáveis ou suportáveis, já que o
meio sempre nos escraviza a isso.
A vida não tem manual, embora a grande
maioria de ensinamentos daqueles que escreve sobre autoajuda tentem provar o
contrário; pois, mesmo que pudéssemos escrever um manual ele não serviria para ninguém,
além de nós mesmos. Assim, infelizmente, vamos continuar errando. Só não
podemos nos dar o luxo de cometer sempre os mesmo erros. Há muitas maneiras
diferentes de errar, e cada uma nos traz uma lição.
Nesse momento de reflexão porque viemos ao
mundo procuramos a cada no novo dia, na página branca da existência, escrever
apenas o que vale a pena. “Viver não é necessário, o que é
necessário é criar”, diz bem FERNANDO PESSOA em seu poema, o
mundo concreto funciona deste modo, neste lamacento processo relacional entre
teias e teias no constante ocultar-se e desvendar-se de tudo.
Assim, deixando a vida transcorrer, mas
fazendo nossas as palavras do sábio SANTO AGOSTINHO, pois,
mesmo tendo a consciência da escuridão eminente nos sentimos: “... como uma fugaz palpitação, como o principio de algo que deve ser
buscado até que se possa dizer basta.”
WILSON COSTA E SILVA
ADVOGADO – EDUCADOR – LIVRE PENSADOR
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