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“FOLHA
DE SÃO PAULO” - Caderno “MERCADO” - 10/02/2013.
O
Brasil pretende pleitear à ONU
(Organização das Nações Unidas), ainda neste ano, o bloqueio de
uma área no ELEVADO RIO GRANDE,
uma cordilheira
submersa no sul do país, a mil quilômetros da costa do
Rio de Janeiro.
Pesquisas
feitas pela CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais, conhecida como Serviço Geológico) revelaram que a
região é rica em minérios, terras raras e rochas sedimentares, propícias à
formação de petróleo.
Como
a área está em águas internacionais, pesquisas e exploração caberão a
quem primeiro apresentar o pedido, diz o Diretor de
Geologia e Recursos Minerais da CPRM,
Roberto
Ventura, que teme o avanço de países tecnologicamente
desenvolvidos sobre os tesouros submersos "no
quintal do Brasil".
Para
bloquear uma área em águas internacionais, que não pertencem a nenhum país, é
preciso fazer uma solicitação à ISBA
(Autoridade
Internacional dos Fundos Marinhos, na sigla em inglês),
uma entidade da ONU.
Até
o final de março, a CPRM
vai encaminhar o pedido ao MME (Ministério
de Minas e Energia), que será responsável pelo
encaminhamento ao órgão da ONU.
"A
questão do Elevado Rio Grande é estratégica. Nenhum país fez o pedido ainda. A
Rússia pediu mais acima, os franceses também, e sabemos que os chineses passam
por aqui direto e estão pesquisando em algum lugar próximo",
disse Ventura.
"Quem estiver com os mapas e conhecer as áreas potenciais ou áreas
críticas vai ter mais chances", avaliou, lembrando
que riquezas
minerais são finitas e em algum momento, mesmo que leve 50 anos, o avanço para o meio dos
oceanos será inevitável.
Segundo
ele, ao solicitar à ONU
o bloqueio da área, o Brasil vai sinalizar
para a comunidade internacional que tem um programa efetivo e
importante para ampliar a presença no Atlântico Sul.
Se
aprovado o pleito, o Brasil terá mais 15 anoss para pesquisar melhor o local,
que se estende por 3.000 quilômetros
quadrados (o equivalente ao dobro da área da
cidade de São Paulo).
Nos
últimos dois anos, foram feitas cinco expedições de pesquisa
ao ELEVADO
RIO GRANDE, ao custo de R$
3 milhões cada. Durante as viagens, foram executadas dragagens que
atingiram profundidades de até 2.000
metros.
O
próximo passo, após a chancela da ONU,
será a exploração comercial, que
ficará a cargo de uma empresa privada, escolhida em leilões previstos no novo
código de mineração que será enviado ao CONGRESSO
pelo governo.
"Hoje,
a missão da CPRM no país é a de melhorar o conhecimento para atrair
investimentos", afirmou Ventura.
De
acordo com o diretor, a questão poderá inclusive afetar um tema que já está em
avaliação pela ONU:
o pedido é de estender a ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA,
na qual o Brasil tem direitos de exploração e
aproveitamento econômico das águas, do leito do mar e do seu subsolo.
O
problema é que, com o novo pleito, o país admite que o ELEVADO
RIO GRANDE é área internacional, e não
poderá pedir a extensão da Zona Econômica Exclusiva
até ali.
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